Juntando pedaços…

O menino chegou em casa com as mãozinhas juntas em concha, cheias de caquinhos vermelhos miúdos. Correu para seu quarto e espalhou aqueles mil pedacinhos em cima dos lençóis brancos de sua vazia cama. Olhou para todos os cantos do seu aposento e não conseguiu encontrar nada que servisse de remendo. Vasculhou as gavetas do armário. Correu para ver se havia algum resto de Super-Bonder esquecido na porta da geladeira. Nada, absolutamente nada servia para juntar novamente aqueles mil caquinhos vermelhos que trouxera nas mãos.

Foi então que veio à lembrança os olhos tristes azuis de sua amada e as palavras secas que proferira sem que o menino atinasse para o fato de que o coração dela também se partira. O que teria acontecido? O que o menino teria feito dessa vez que tanto magoou o coração de sua amada?

Respostas não havia – pelo menos na suposta inocência do menino. De concreto mesmo só havia a certeza (pela amada anunciada) de que ele teria, sim, provocado tamanho desencanto…

E por mais que insistisse e tentasse, ele não via razão para sua suposta culpa. A única coisa que ele sabia era que, se sua amada estava ferida, haveria de ter uma razão. Teria sido a Maria, ou o João? Teria sido alvoroço, ou solidão? Teria sido, enfim, a Lua que entrara em conjunção com Plutão? – Qual era a razão, meu Deus, qual era a razão?

O pensamento do menino cada vez mais se turvava e ele sentia o sangue gelar em suas veias. E, sem que achasse razão aparente para tal acontecido, ouviu um estalo no peito e seu coração amoroso se partiu em cacos.

Ainda deu tempo ele juntar tudo nas mãos – os caquinhos vermelhos – e correr para casa, tentando remendar. Mas não havia remendo que não fosse o perdão de sua amada (ainda que ele não soubesse o crime que cometera).

Talvez ele nunca saiba. Talvez nem precise mesmo saber. Apenas uma coisa lhe é certa: sem o amor de sua amada, o menino pode até morrer…

A Conspiração Informática

Isso já deve ter acontecido com você (é mais comum do que se imagina): você está no seu trabalho e, de repente, pimba! Seu computador dá bug

Nesse momento, você acabou de perder algumas horas de seu precioso trabalho porque nunca se lembra de salvar e confia (às vezes faz até uma oração) que o documento tenha sido salvo automaticamente pelo software – ledo engano (tsc, tsc, tsc) pois, nessa hora, nem Jesus salva se você mesmo não tiver usado o Ctrl+S.

Diante da tragédia anunciada (pois seu chefe canibal a essa hora já está com água na boca para comer seu fígado), você inocentemente telefona para o setor de informática, na esperança de ser socorrido. Então, em poucos minutos, entra em sua sala um jovem com a metade (ou mais da metade) de sua idade, tênis All Star desbotado, uma calça jeans surrada e uma camiseta com a estampa do Darth Vader ou do Seu Madruga, além de um par de óculos de grau com armação de acetato preto em estilo retrô. Com aquele ar natural de arrogância juvenil e do alto de sua cara cheia de espinhas, aquele rapaz só tem em mente um pensamento: “Tiozinho burro! Aposto que isso é problema de B.I.O.S. – Bicho Ignorante Operando o Sistema!”.

O jovem bizarro, então, mexe de um lado, mexe de outro, aperta rapidamente uma sequência de botões no seu teclado e, como num passe de mágica, (ufa!) sua máquina volta a funcionar normalmente. Seu documento está perdido mesmo, mas ainda dá tempo de você recomeçar o trabalho.

Você pergunta ao garoto qual foi o problema, mas como ele tem plena certeza que você não sabe de nada, dá-lhe uma resposta hermética e garante que não foi nada grave. Nos dias seguintes, o problema se repete. Você se descabela com a sequência de bugs e o garoto garante o emprego dele, sendo o único capaz de resolver os seus problemas com a sua máquina (ainda que paliativamente)…

Como eu já falei antes, nada disso deve ser novidade para você. O que você não sabe, porém, é a verdade que existe por trás de tudo isso!

Você não sabe que, na verdade, aquele jovenzinho asqueroso faz parte de uma terrível sociedade secreta que, pouco a pouco, está dominando o mundo. A sociedade secreta em questão é a NERD (Nova Era da Realidade Digital) e seus adeptos, os nerds, estão espalhados por todos os lugares.

Suspeita-se que os nerds tenham surgido ainda no século XVIII, em plena Revolução Industrial, tendo sido John Napier (1550-1617), um escocês inventor dos logaritmos, o fundador desta ordem hermética (ele também inventou os “ossos de Napier”, que eram tabelas de multiplicação gravadas em bastão, o que evitava a memorização da tabuada).

Depois disso veio Ediin, com sua máquina capaz de somar, subtrair, multiplicar e dividir. Essa máquina foi perdida durante a Guerra dos Trinta Anos. Durante muitos anos nada se soube sobre essa máquina, por isso, atribuía-se a outro nerd famoso, Blaise Pascal (1623-1662) a construção da primeira máquina calculadora, que fazia apenas somas e subtrações.

A máquina de Pascal foi criada com objetivo de ajudar seu pai a computar os impostos em Rouen, França. O projeto de Pascal foi bastante aprimorado pelo matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1726), que também inventou o cálculo, o qual sonhou que, um dia no futuro, todo o raciocínio pudesse ser substituído pelo girar de uma simples alavanca. Nascia aí a vontade desta sociedade secreta dominar o mundo e o pensamento da humanidade!

Após uma longa e oculta sucessão de fatos históricos, o primeiro computador eletro-mecânico foi construído por outro nerd, Konrad Zuse (1910–1995). Em 1936, esse engenheiro alemão construiu, a partir de relês que executavam os cálculos e dados lidos em fitas perfuradas, o Z1. Zuse tentou vender o computador ao governo alemão, que desprezou a oferta, já que não poderia auxiliar no esforço de guerra (tolinhos!). Os projetos de Zuse ficariam parados durante a guerra, dando a chance aos americanos de desenvolver seus computadores.

Foi na Segunda Guerra Mundial que realmente nasceram os computadores atuais. A Marinha americana, em conjunto com a Universidade de Harvard, desenvolveu o computador Harvard Mark I, projetado pelo professor Howard Aiken, com base no calculador analítico de Babbage. O Mark I ocupava 120m³ aproximadamente, conseguindo multiplicar dois números de dez dígitos em três segundos. Era um verdadeiro templo da informática.

A partir daí, a evolução das máquinas e da seita NERD não parou. Nomes famosos como Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zuckerberg, entre outros, fizeram ou fazem parte desta sociedade que possui um verdadeiro exército de jovens que usam tênis, jeans, camisetas geeks e blusas xadrez.

Eles possuem também um código, um pacto secreto:

“Criaremos frentes separadas de atuação para evitar que eles vejam a conexão entre nós. Nos comportaremos como se não estivéssemos conectados, para manter viva a ilusão. Nosso objetivo será alcançado byte-a-byte, para nunca trazer suspeitas sobre nós. Estaremos sempre acima do campo relativo da experiência deles, pois nós retemos os segredos do absoluto. Usaremos nossos conhecimentos de ciência de forma sutil, para que eles nunca vejam o que está acontecendo. Precisamos ser espertos na disseminação de vírus. Eles crescerão com depressão, devagar e obesos, e quando vierem nos pedir ajuda, nós iremos dar a eles mais softwares e redes sociais. Iremos focalizar a atenção deles para o dinheiro e bens materiais, de tal forma que eles nunca possam conectar-se sem serem obsoletos. Iremos encontrar modos de implementar tecnologias de controle mental em suas vidas, tais como o Kinect e outras ferramentas de realidade aumentada. Quando nosso objetivo for conseguido, uma nova era de dominação irá começar (a Nova Era da Realidade Digital – NERD). Este é o pacto secreto pelo qual viveremos pelo resto das nossas vidas presente e futura, pois esta realidade irá transcender muitas gerações e muitos períodos de vida. Este pacto é selado com bits, nossos bits. Nós, os eleitos, aqueles que do céu para a terra vieram”.

E assim, nós, simples mortais, vamos sobrevivendo, sem que estes filhos da puta resolvam um só dos nossos problemas cotidianos com a informática!

Mundo estranho

Vejam em que mundo bizarro nós vivemos. A notícia a seguir é real. Não parece. Mas é real:

Um casal bósnio está se divorciando, depois de descobrir que um traía o outro em chats na Internet. Detalhe: eles começaram o relacionamento virtual usando pseudônimos, e só descobriram a verdade quando combinaram um encontro real com os “novos parceiros”.

Sana Klaric, 27 anos, e seu marido Adnan, 32, usavam os nomes de “Sweetie” e “Prince of Joy” em salas de bate-papo. Conheceram-se e iniciaram uma relação, confidenciando-se mutuamente os problemas que tinham em seu casamento. Os dois, de acordo com reportagem publicada no site Metro.co.uk, estavam convencidos de terem finalmente encontrado sua alma gêmea.

Então, resolveram marcar um encontro real para se conhecerem e descobriram a verdade. Agora, o par está em processo de divórcio, e um acusa o outro de ter sido infiel.

“De repente, eu estava apaixonada, era maravilhoso, parecia que ambos estávamos amarrados no mesmo tipo de casamento infeliz”, contou Sana. “Depois, me senti tão traída”, disse.

Adnan, continua sem poder acreditar no que aconteceu. “É difícil pensar que Sweetie, que escreveu coisas tão maravilhosas para mim, é na verdade a mesma mulher com quem me casei e que, por anos, não foi capaz de me dizer uma única palavra agradável”.

Essa notícia maluca seria cômica, se não fosse trágica! Tá, tudo bem, é um fato cômico. Mas também não deixa de ser trágico, por mostrar a qual ponto nossa “civilização” chegou.

Falando sério, às vezes eu olho para trás, por tudo que já presenciei nesta minha insignificante existência aqui nesse planeta, e não reconheço o mundo em que vivemos. Nesse mundo, parece que já não há mais espaço para as amizades sinceras, para o amor verdadeiro, para o diálogo entre as pessoas… E tudo o que vemos hoje são amantes que não se amam; beijos sem gosto; egoismo, frieza e frigidez latentes; ignorância quase medieval; narcisismo exacerbado pelos milhares de acessos que se tem nas redes sociais (que aliás, não socializam muito, deixam apenas o indivíduo cada vez mais isolado numa ilha de bytes); e por aí vai…

Olhando para a história desse casal, eu fico imaginando mil e uma coisas (talvez mais). Fico pensando em como eles se conheceram; nos milhares de sonhos que tinham depois que se deitavam ao lado um do outro exauridos por uma boa trepada orgástica e nas juras de amor eterno que trocaram ao longo do tempo. Penso nos inúmeros momentos de agonia e desespero de ambos ao perceberem, de repente, que talvez o mundo não seja tão cor de rosa quanto imaginaram antes e como palavras de amor pronunciadas podem se esvair ao sabor do vento. Penso na angústia de cada um, ou mesmo dos dois, se eles tiverem se casado contra a vontade, ou pressionados por alguma circunstância da vida. E fico imaginando como duas pessoas, ainda com tanto amor para dar a um “estranho” na internet, não tem amor suficiente para ceder um pouco suas determinações ou mesmo reconhecer alguns erros e não ser capaz de olhar para quem está ao seu lado, também sedento de amor, e que também amou um dia, e tentar uma reconciliação.

Não. No mundo de hoje, às vezes é mais fácil acusar o outro de traição e tentar ganhar alguma grana na justiça. É mais fácil apontar para o outro e culpa-lo pela sua própria infelicidade. É mais cômodo, talvez, acalentar um “amor perfeito”, um “príncipe” ou “princesa” encantados de um mundo virtual, do que tentar encarar a realidade desgastante dessa nossa vida medíocre, porém real.

Não sei. Não quero julgar. Mas como alguém que trai um outro pode dizer palavras como “De repente, eu estava apaixonada, era maravilhoso, parecia que ambos estávamos amarrados no mesmo tipo de casamento infeliz… Depois, me senti tão traída”?! Ou “É difícil pensar que Sweetie, que escreveu coisas tão maravilhosas para mim, é na verdade a mesma mulher com quem me casei e que, por anos, não foi capaz de me dizer uma única palavra agradável”?! Como é que pode isso?!

Será que eles não perceberam que ambos se apaixonaram por pessoas “adormecidas” em si mesmas? Se estavam tão infelizes, por que não conversaram sobre isso? Por que não buscaram uma forma menos fugidia de encarar as coisas e não se separaram de vez? Se seus amantes virtuais fossem realmente outras pessoas diferentes, até quando eles iam sustentar a mentira do casamento só para manter as convenções? Só para dar uma satisfação à sociedade?

Não sei como terminar esse texto. São muitas perguntas ainda por fazer. Muitas coisas ainda a imaginar. E muita perplexidade diante desse mundo estranho em que vivemos hoje… Fico por aqui. Até breve!

Apenas um passo

“Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.”

(Friedrich Nietzsche)

Nossa vida é um eterno caminhar. Às vezes passamos por terrenos mais fáceis, outros mais difíceis de prosseguir com a jornada. Passamos por cima de paus e pedras. Molhamos nossos pés na água e na lama. Sofremos algumas topadas. Nos furamos com alguns espinhos. Mas devemos continuar firmes em nossa caminhada. Pois o importante não é o destino final, mas a jornada em si. O destino final é apenas a conseqüência que, mais cedo ou mais tarde, todos nós iremos alcançar. Mas a jornada e a escolha do caminho é que é feita por nós. E é nisso que devemos nos concentrar.

Experimente sair qualquer dia desses a esmo, sem um destino certo. Mire seu olhar num determinado ponto muito distante e comece a caminhar despretenciosamente em sua direção. Você verá que não demorará muito para chegar a este ponto. No entanto, no mesmo instante, se você olhar para trás, verá o progresso que você fez. E assim é o nosso trilhar pelas nossas vidas.

Alguns dizem que nosso caminho é um só: nascer, crescer, reproduzir, envelhecer e morrer (alguns acrescentam ainda “nascer novamente”, plantar uma árvore, escrever um livro…). Mas, definitivamente, a vida não se resume a isso. E não se resume simplesmente porque nós temos um elemento fundamental que nos diferencia das outras criaturas: o livre arbítrio, ou o raciocínio. Na verdade, o livre arbítrio é a mistura perfeita de nossas porções racional e emocional. Basta que saibamos lidar com isso.

Ao longo da história da humanidade, os homens buscaram caminhos evolutivos. Adão e Eva foram expulsos do paraíso, mas provaram do fruto da Ciência do Bem e do Mal (ou seja, a consciência do livre arbítrio). Os alquimistas buscaram a Pedra Filosofal e os maçons vivem na incessante obra de debastar a pedra bruta, sendo que ambos, alquimistas e maçons, usam do simbolismo para falar de sua eterna busca pela perfeição de si mesmo.

Evidentemente não é necessário ser um alquimista ou pertencer a alguma ordem mística secreta para realizar a Alta Magia em nossas vidas. Esta “Alta Magia” (magia, do latim magister; maestria, destreza, habilidade) significando a busca individual pelo crescimento interior. Eis o sentido da vida! Estamos encarnados neste planeta de expiação e provas para crescer, para evoluir! Todos os mestres da antiguidade vieram para nos mostrar isso.

Mas muitas vezes, o caminho do crescimento interior nos leva à beira de um abismo em nós mesmos. E quando isso acontece, só depende de nós a escolha.

Podemos ficar ali, parados, acostumados com nossa cômoda imobilidade. Não avançamos, mas também não podemos mais retroceder. O que fazer? Ficar aí, parado, até perecer? Ou lançar-se no desconhecido de si mesmo e pagar para ver o que acontece?

É sempre melhor fazer alguma coisa do que não fazer nada. É sempre melhor ousar do que abster-se. Mas, e o medo? O medo faz parte e é necessário em nossas vidas! Devemos conservar nossos medos como um elemento que nos mantem atentos. Mas jamais devemos permitir que ele se apodere de nós. Não podemos perder o controle.

Lançar-se num abismo é muito mais um ato de fé do que simplesmente de coragem. Porque a coragem, muitas vezes, é fraca e não é o suficiente para enfrentar nossos medos e controlá-lo. Já a fé, cega como ela é, sendo verdadeira não se detém por nada. Mesmo que haja a presença do medo. Mas ela o enfrenta e se joga de corpo e alma para o desconhecido.

Muitas pessoas perdem muito tempo em suas vidas por não saberem aproveitar os momentos. Os momentos são mais importantes do que o nosso tempo cronológico. O tempo é uma ilusão da qual damos muita importância. Se as pessoas soubessem se abstrair da escravidão do tempo, poderiam sentir um maior prazer de viver pulsando em suas veias.

Ao contrário, na maioria das vezes, ficamos à deriva de nossas próprias vidas, por medo de sofrer. Essas pessoas esquecem que o sofrer e o gozar são apenas duas faces da mesma moeda. Portanto, não tenha medo de ousar! Aprenda com todos os momentos que surgirem em sua vida (os bons e, principalmente, os maus). Não deixe de viver, por medo de sofrer. Seria como nunca mais sair de casa por medo de ser vítima de um assalto. Permita que sua vida aconteça em plenitude! E nunca olhe para o abismo! Apenas dê um passo e deixe-se cair…

Ousadia

Vamos falar um pouco de ousadia…

Reza a lenda que, quando um viajante passava pelas imponentes pirâmides do Egito, em frente à entrada da grande Esfinge de Gizé, podia-se ler, no pórtico de acesso às câmaras secretas consagradas ao deus Amon, quatro palavras misteriosas. Nem todos os viajantes entendiam aquele enigma. Milênios depois, quando o exército de Napoleão Bonaparte conquistou o Egito e descobriu a Pedra de Roseta (chave mestra para traduzir os antigos hieróglifos), os tradutores daqueles textos sagrados traduziram os quatro mistérios da Esfínge, mas também não compreenderam seu profundo significado.

O que a grande Esfinge ostentava seu umbral eram as palavras QUERER – SABER – OUSAR – CALAR. Aparentemente desconexas entre si, o significado desse mistério ficou por muito tempo guardado, velado por grupos de estudantes dos mistérios e das ciências da antiguidade. Até certo tempo na nossa História, apenas sociedades secretas como os Essênios, os Templários, os Rosa-Cruzes, os Maçons, os Magos Hermetistas, entre outros, é que conheciam o significado do mistério.

As quatro palavras, na verdade, constituem as quatro chaves iniciáticas (que abrem as portas e indicam os caminhos) do buscador espiritual, isto é, de todo aquele que deseja, com o coração puro, tornar-se um mestre de si mesmo (um Magus). Para ser um mestre de si mesmo, ou seja, para conquistar o domínio de sua própria vida (objetivo máximo da Alta Magia), é preciso que o iniciado (homem ou mulher) inicie sua jornada a partir do QUERER. O QUERER é a vontade real e pura, que impulsiona o indivíduo a não retroceder jamais em seu caminho, mesmo diante de todas as dificuldades que se lhe apresentam no decorrer de sua caminhada. É só através do QUERER que se chega ao SABER (a segunda chave). O SABER é adquirido somente pelo estudo, pela observação cuidadosa das leis da vida, da natureza. E é somente quando o iniciado, através do seu QUERER, atinge o SABER, que ele pode OUSAR (a terceira chave). O OUSAR é a prática da vida. É quando o indivíduo atinge maturidade suficiente para não ser mais um mero expectador da vida e passa a atuar no palco de sua própria História. Por fim, quando o indivíduo tem suas ações guiadas pela força de um QUERER solidificado, concretizado pelo SABER do estudo e observação das leis da vida e é capaz de OUSAR, agindo por sua própria consciência, sem motivo para arrependimentos posteriores, é hora de CALAR. O CALAR é o silêncio do sábio que sabe guardar, só para si, as lições que ele acumula ao longo de sua vida. É o silêncio do sábio que sabe não fazer alarde de suas conquistas e não reclamar  com ninguém sobre seus fracassos, pois ele tem plena consciência que ninguém poderá resolver seus problemas e que, com certeza,  atrairá muitos olhares invejosos por suas vitórias.

Hoje, quero me deter na ousadia, a parte prática da vida. A ousadia é elemento fundamental em nossas vidas. É quando deixamos de ser plateia e passamos a atuar verdadeiramente como protagonistas na nossa Peça Teatral Sagrada que é a vida, o palco de nossa própria História. É preciso ousar. Ousar sempre. Ainda que nos arrebentemos; que caiamos; que erremos ou que pareçamos egoístas diante dos olhares reprovadores dos outros à nossa volta. O que seria da História da Humanidade se não fosse a ousadia?

Ousadia é Lilith (referida na Cabala judaica como a primeira mulher do Adão bíblico, antes mesmo de Eva). No folclore popular hebreu, ela é tida como a primeira esposa de Adão, que o abandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa sobre igualdade dos sexos, chegando depois a ser descrita como um demônio. Reconhecendo que havia sido criada por Deus com a mesma matéria prima, Lilith rebelou-se, recusando-se a ficar sempre em baixo durante as suas relações sexuais com Adão. Na modernidade, isso levou a popularização da noção de que Lilith foi a primeira mulher a rebelar-se contra o sistema patriarcal.

Assim dizia Lilith: ‘‘Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual”. Quando reclamou de sua condição a Deus, Ele retrucou que essa era a ordem natural, o domínio do homem sobre a mulher. Dessa forma, Lilith abandonou o Éden.

Três anjos foram enviados em seu encalço, porém ela se recusou a voltar. Juntou-se aos anjos caídos onde se casou com Samael, o anjo do fogo que tentou a Eva, ao passo que Lilith tentou a Adão, os fazendo cometer adultério. Desde então o homem foi expulso do paraíso e Lilith tentaria destruir a humanidade, filhos do adultério de Adão com Eva, pois mesmo abandonando seu marido ela não aceitava sua segunda mulher. Ela então perseguiria os homens, principalmente os adúlteros, crianças e recém casados para se vingar.

Após os hebreus terem deixado a Babilônia, Lilith perdeu, aos poucos, sua representatividade e foi eliminada do Velho Testamento. Eva é criada no sexto dia, e depois da solidão de Adão ela é criada novamente, sendo a primeira criação referente, na verdade, a Lilith, no Gênesis.

Ousadia são mulheres como Betsabá, Helena de Troia, Cleópatra, Lou Andreas Salomé, Merilyn Monroe, entre tantas que romperam paradigmas.

Ousadia são homens como Ulisses, Sócrates, Jesus, Galileu, Gengis Khan, Gandhi, entre tantos outros que souberam mudar a História de seu tempo.

Ousar. Ousadia. Eis a palavra mais doce e incisiva que deveria sempre guiar nossas vidas. Porque passamos boa parte de nosso tempo, perdendo tempo e nos escondendo atrás de nossas máscaras, como covardes…

Ousadia é, muitas vezes, nadar contra a correnteza. É um salto no abismo. É ver a nossa própria vida como uma tela em branco onde podemos, nós mesmos e mais ninguém, desenhar o nosso futuro como quisermos. Portanto, ouse. Ouse sempre!

Um terrível paradoxo

O filósofo Platão, na Grécia Antiga, dizia que o amor era o filho bastardo da Pobreza e do Ardil. E, sendo assim, “ele é sempre pobre e, longe de ser sensível e belo, como a maioria das pessoas imagina, ele é duro e curtido pelo tempo, descalço e sem teto, sempre dormindo ao relento por falta de uma cama, no chão, na soleira das portas e na rua. Até aí ele se parece com a mãe (Pobreza) e vive necessitado. Mas, sendo também o filho de seu pai (Ardil), ele trama para conseguir para si mesmo tudo que for belo e bom; ele é corajoso, direto e persistente, sempre inventando truques como um ardiloso caçador”.

Em suas metáforas, Platão devia falar do tal “amor romântico”. Pois este, sim, é duro e vive nos fazendo sofrer com seus caprichos; vive se mostrando carente e mendigando a piedade do outro, como um descalço sem teto; sempre fraco e passivo como quem dorme ao relento, na soleira das portas e na rua. E esse mesmo “amor romântico” é, ao mesmo tempo, extremamente egoísta, querendo sempre e invariavelmente tudo que for belo e bom só pra ele. É assim que, quem ama desse jeito, usa expressões naturais como “minha mulher”; “meu namorado”; “meu amor”; “meu bem”… E tudo vai ficando quantificado sob a sua possessividade.

É como aquele cara que está saindo com uma garota maravilhosa e a leva para um restaurante muito caro, imaginando que no final da noite vai estar com “aquilo tudo” em sua cama e acaba ficando decepcionado, pois tudo o que ele consegue é um beijo de “boa noite” de, aproximadamente, trinta segundos. Ou aquele sujeito que pensa que o amor é, necessariamente, aquela coisa pegajosa e adocicada que te obriga a dar um ramalhete de flores todos os dias e uma caixa de bombons pelo menos uma vez por semana.

Eu penso que o amor seja mais simples do que tudo isso. Mais simples até do que o próprio filósofo imaginava.

Penso que o Amor (colocado aqui com inicial maiúscula propositalmente) seja um sentimento tão grandioso que nós, simples mortais, jamais possamos expressá-lo por palavras. Amor é um sentimento mudo – ou pelo menos indizível, impronunciável.

Ele pode estar entre pais e filhos ou entre irmãos, mas não só nisso exclusivamente, pois caso contrário não haveria crimes de família desde que o mundo é mundo.

Também não é possível estar exclusivamente naqueles que querem egoisticamente perpetuar seus genes.

Não acredito que ele possa ser, simplesmente, nossos “próprios valores multiplicados por algumas vezes mais e refletidos no suposto ser amado”. Assim como não acredito na teoria dos opostos.

Ele também não está só na beleza das coisas, porque a beleza é muito relativa e, por isso mesmo, tão abstrata quanto ele próprio (o Amor).

E também, definitivamente, não creio que possa ser este Amor confundido com o “amor próprio que releva nossos passos em direção a autosabotagem, quando acreditamos amar alguém e que não somos merecedores desse alguém”.

Geralmente, as pessoas costumam confundir o Amor com a paixão (este sim, um sentimento super humano). E nessa confusão, passamos a crer que “Amor seja morrer de tanto chorar porque algo saiu errado, etc.”.

É a paixão – com todo o seu séquito de doces ilusões e amargos arrependimentos – que nos induz ao engano de achar que o Amor verdadeiro seja assim tão fácil de exprimir em palavras. É a paixão que “ama” esperando algo em troca. É a paixão que “ama” nos tornando alienados de nós mesmos, fazendo com que passemos a viver em função de um outro alguém.

O Amor verdadeiro nunca sofre, pois nunca espera nada em troca, pois não aceita barganha. Amor que pede algo correspondente ao que oferece não é amor, é comércio de sentimentos. Pois o Amor verdadeiro é uma dádiva divina somente alcançada por seres separados e inteiros, que retêm sua unicidade, sua individualidade, mesmo estando unidos. O Amor verdadeiro é um terrível paradoxo.

O caminho do guerreiro

“A inatividade é a mãe da covardia, parasitismo e esterelidade. Em todos os dias de sua vida, supere e alcance!

Viva bem e morra bravamente.” (Irmandade de Odin)

Até quando você vai adiar seus sonhos; bater com a cabeça e crer que sua vida vai mudar sem que você precise fazer nada para que ela mude a seu favor?

Até quando você vai dizer para si mesmo aquelas velhas desculpas, por medo de saltar no magnífico abismo da vida? Até quando devemos esperar para realmente vivermos? Até quando precisaremos fazer o que não queremos, só para não decepcionar os outros, mesmo que os outros nos decepcionem na maioria das vezes?

Até que ponto gostar de alguém é sinônimo de possessividade? E haja perguntas!

Não podemos ignorar o poder de nossa vontade! Ela, sim, deveria ser soberana. Sempre! Mas nem sempre é assim, pois na maioria das vezes acabamos nos acovardando diante das conveniências do dia a dia. Se a vontade é suficientemente forte – se a força é impressionante o suficiente – qualquer coisa que possa ser imaginada pode ser realizada.

Jamais seremos realmente livres enquanto levarmos nossas vidas em função dos outros (quem quer que sejam esses outros)!

Até quando você pretende manter seu “estilo de vida”? Até quando você vai nadar a favor da correnteza, por medo de enfrentá-la? Por que você não para um pouco para ouvir o que tem a dizer a sua voz interior, que grita por um pouco de sua atenção?

Por que querer a vontade dos outros, enquanto o seu querer é o que deveria prevalecer sempre? E haja perguntas!

Revolução! Esta deve ser a nossa postura diante do marasmo de nossas vidas medíocres.

Seus caminhos nem sempre serão de flores, até porque as flores têm seus espinhos. Mas é preciso caminhar por estes caminhos tortuosos. Existem muitas formas de coragem, mas a suprema forma da coragem é “um contra todos”.

É preciso ter ação e força. A ação precisa ser direta, descomplicada e forte. Enquanto a força é aquilo que excita a nossa natureza interior, promove o pensamento e a ousadia. Somos aquilo que honramos.

No caminho da vida, não temos do que nos arrepender. Arrependimento é para os fracos. O que precisamos é encarar e assumir nossos eventuais erros e torná-los nossos mestres, para não cairmos novamente (às vezes me lembro de meu pai, quando me ensinava a andar de bicicleta e dizia “levanta pra cair de novo!”, de lá pra cá venho caindo sempre e sempre me levantando).

Somos guerreiros de nossas próprias batalhas de vida. E quando um verdadeiro guerreiro dá um passo para trás, é apenas para pegar impulso e dar um pulo à frente.

Trabalhando apenas o necessário…

Og Mandino (nome artístico de Augustine Mandino, nascido na Itália, em 12 de dezembro de 1923 e falecido em 3 de setembro de 1996) foi um escritor que ganhou fama internacional após mudar-se para os Estados Unidos e se tornar um “guru” do setor de vendas.

Presidiu a revista Success Unlimited até 1976, quando, aos 52 anos, “chocou o setor ao renunciar à presidência para dedicar-se em tempo integral a escrever e dar palestras”.

Ex-alcoólatra que quase chegou ao suicídio, tornou-se milionário ao publicar “O Maior Vendedor do Mundo”. Tornou-se um dos autores mais inspiradores e bem sucedidos no segmento denominado auto-ajuda, principalmente com livros voltados para vendas. Seus livros venderam mais de 50 milhões de cópias e foram traduzidos em vinte e cinco idiomas.

Um desses grandes sucessos editoriais que levam a sua marca é The University of Success (A Universidade do Sucesso), uma compilação de textos de americanos “brilhantes” e bem sucedidos, que vão de Benjamin Franklin a Dale Carnegie. O livro é dividido em “semestres” e cada um desses autores consagrados é tido como “professor”, sendo seus respectivos textos as “aulas” ou “lições”. Estas vão desde “Como Talhar Sua Marca registrada de Sucesso” até “Como Ter Uma Vida feliz” e “Como Manter Bem Viva a Chama do Sucesso”. Alguns excertos dessas inúmeras “lições”:

– A riqueza de um homem se mede pelas coisas que é capaz de deixar para trás.

– Não existe sucesso de graça.

– É necessário uma força de caráter sobre humana para prosseguir trabalhando sozinho quando o resto do mundo se diverte e quando não temos nenhuma evidência de que nos sairíamos bem, caso continuássemos.

– Todos os que estão presos nas garras da Vontade de Fracassar agem como se tivessem mil anos de vida pela frente. Quer sonhem ou dancem, gastam horas preciosas como se as reservas fossem inesgotáveis. […] Há, por exemplo, os que dormem duas ou seis horas a mais do que precisam […]. Quando um adulto vai mais longe do que isso, transformando em rotina a soneca uma ou duas vezes por dia, o diagnóstico se torna simples. […]entre os fracassos indiscerníveis, estão os “introvertidos”, os que dormem acordados: pessoas que permitem que determinadas atividades passem diante de si quase sem participação, ou se entregam a passatempos onde desempenham os papéis mais insignificantes e menos construtivos: os jogadores de paciência, os traças patológicos de livros, os eternos fazedores de palavras cruzadas, o contingente dos construtores de quebra-cabeças.

Og Mandino e seus “professores” são os representantes máximos do “american way of life”, o sonho americano de conseguir triunfar em meio ao capitalismo selvagem que se instaurou no mundo ocidental a partir do século XIX. Mas até que ponto essas “lições” ou “mandamentos do sucesso” têm seu valor? Até que ponto prejudicam nossas vidas? E, o mais importante: Até que ponto vale a pena sucumbir a essa engrenagem da máquina capitalista, assim como fez Charles Chaplin em “Tempos Modernos”?

No final das contas, podemos pegar essas quatro “lições” citadas acima e somar com todas as outras e o resultado vai ser um só: Você, que está no mercado de trabalho, tem que ser eternamente grato ao seu chefe por estar empregado. E você deve mostrar toda a sua gratidão, fazendo hora extra e levando trabalho para casa mesmo sem receber um centavo a mais por isso. O seu sacrifício valerá a pena, não agora, mas quando um dia você se aposentar, depois de muito esforço e o teu chefe te presentear com uma caneta, dizendo: “Enfia no bolso e vai se virar!”

Certo, você poderá dizer que está no início de sua carreira e precisa mostrar trabalho. Você pode alegar que o trabalho não é tão duro assim e que você pode fazer uma horinha a mais ou levar aquele relatório pra casa porque não é nada demais e você gosta do que faz. Você pode, enfim, querer justificar de várias maneiras a sua “atitude pró-ativa” para com seu chefe e seu trabalho e até pode achar isso tudo muito natural. Sim, você pode achar natural deixar de lado sua família ou seus amigos no final de semana em troca de um “trabalhinho de nada”, ou de fazer isso “só pra adiantar o trabalho de amanhã”. Quer um conselho? Por experiência própria, eu digo: NÃO VALE A PENA!

E não vale a pena simplesmente porque, como afirma Robert Greene, em seu livro “As 48 Leis do Poder”, todos têm as suas inseguranças. Quando você se expõe ao mundo e mostra os seus talentos, é natural que isso desperte todos os tipos de ressentimentos, invejas e outras manifestações de insegurança. É de se esperar que isto aconteça. Não se iluda. É uma falha acreditar que, exibindo e alardeando (mesmo que inconscientemente) os seus dons e talentos, você está conquistando o afeto do chefe. Ele pode fingir apreço, mas na primeira oportunidade, vai substituir você por alguém menos brilhante, menos atraente (dos olhares alheios), menos ameaçador. Ele nunca admitirá a verdade, mas arranjará uma desculpa para se livrar da sua presença.

Na maioria das vezes, perdemos muito tempo em nossas vidas, sendo dedicados ao trabalho árduo e deixando de lado nossas horas de folga e lazer. Acredite, isso não vale a pena, porque para quem está acima de nós, 100% é o ideal, mas 99% é cometer uma falha inadmissível. Por isso, tente trabalhar dignamente e apenas o suficiente, dentro de suas horas diárias. Não faça trabalhos medíocres, mas nunca admita que o seu trabalho penetre a sua vida particular. Pense nisso!

A Era da ignorância

O filósofo grego Hesíodo foi um dos primeiros a descrever as “Eras do homem”, em sua obra “Os trabalhos e os dias”. Segundo ele, a raça humana, depois de criada, teria passado por “cinco eras” ou “idades”, cada qual com uma raça correspondente: A Era de Ouro, a Era de Prata, a era de Bronze, a Era dos Herois e a Era de Ferro.

Baseado nesse conceito, anos mais tarde, o escritor latino Ovídio compôs sua mais famosa obra, “Metamorfoses”, suprimindo apenas a “Era Heróica/dos Herois”.

Segundo os autores, a humanidade passou, primeiramente, pela “Era de Ouro”, vivendo livre de sofrimentos. Em seguida, veio a “Era de Prata”, quando nossos ancestrais descem das árvores e deixam as cavernas, de modo que tornou-se necessária a invenção de casas e o desenvolvimento da agricultura. A próxima etapa foi a “Era de Bronze”, quando Zeus cria então uma terceira raça de homens perecíveis. Em seguida surge a “Era dos heróis”, que combateram em Tebas e em Tróia. Finalmente, vem o duro tempo da “Era de ferro”, que dura até hoje – tempos de incessantes misérias e angústias, mas quando “ainda alguns bens são misturados aos males”. A essa raça aguardam dias terríveis: “o pai não mais se assemelhará ao filho, nem o filho ao pai, o hóspede não será mais caro a seu hospedeiro, nem o amigo a seu amigo, nem o irmão a seu irmão”. Após a morte iam para o Hades e lá permaneciam como sombras, os considerados justos iam para os Campos Elísios – onde ficavam 1000 anos até se apagar o que de terreno havia neles -, depois disto esqueciam toda a sua existência e segundo alguns reencarnavam e segundo outros realizavam a metempsicose (reencarnação em animais). Os Injustos iam para o Tártaro para toda a eternidade.

Eis a base de toda a nossa cultura ocidental, que mais tarde foi introduzida pelo apóstolo Paulo no seio das comunidades judaicas, seguidores de uma seita nazarena, liderada por um suposto messiah (ungido) conhecido como Yehoshua ben Youssef (que em latim passou a se chamar, Jesus filho de José).

Realmente me preocupa o que virá depois desse tempo, ou melhor, o que já está acontecendo – se levarmos em conta que, de uma Era para outra, não houve interrupções bruscas, mas transitoriedade – de modo que já podemos perceber certas mudanças à nossa volta, tais como certos avanços científicos e de pensamento de uma forma geral, mas que, paradoxalmente parece estar deixando a humanidade cada vez mais burra!

A informática pensa por nós e ficamos com os neurônios atrofiados. As câmeras de vídeo vigiam por nós e nos vigiam, nos privando de nossa liberdade privativa. Autofalantes e microfones são agora nossas bocas e ouvidos, numa Era em que ninguém parece ter nada a dizer. Nossas amizades deixaram de ser qualificadas para serem quantificadas em redes sociais cada vez mais invasivas, com seus interesses mercadológicos. Os livros são lidos cada vez menos e a desculpa para a falta de leitura é a rapidez com que as informações circulam na internet (ninguém se aprofunda em nada e quer ser especialista em tudo). Nessa nova Era, o amor ficou banalizado (tanto em significado léxico quanto em sentimento). Atualmente, “eu te amo” é dito para qualquer um que se acaba de conhecer numa rede social e se deixa de amar com a mesma rapidez de um “block”. Antigamente, quando algum assunto polêmico surgia, era comum que as pessoas perdessem muito tempo discutindo de forma acalorada, às vezes terminando no tapa. Agora é mais fácil pesquisar a resposta no Google (o nosso oráculo de Delfos da atualidade). Ninguém mais precisa pensar para discutir e os debates conscientes viraram lembrança. E por aí vai.

No fim das contas, o meu maior medo não é o que acontecerá comigo, mas com meus filhos e netos, que poderão passar a viver num mundo ainda mais sem sentido do que este em que sobrevivo agora…

Quando uma relação chega ao fim

O texto abaixo não é meu, mas bem que poderia ser. Assim como também poderia ser seu…

Muitas vezes, não precisamos dizer “acabou” para que uma relação chegue ao seu fim. Muitos casais estão separados mesmo estando juntos, apenas eles não percebem – ou não aceitam. Quando existe algum apego pelas lembranças, pela pessoa, pela vida que se leva à dois, é muito difícil pormos um ponto final naquilo que já terminou.

No inicio, sempre é tudo muito lindo. Amamos, sorrimos, somos felizes de graça. Mas o tempo passa e aí aparecem os primeiros problemas. Alguns desistem de cara, já outros persistem, lutam e contornam o que há no caminho. Nesta época nós brigamos, gritamos, exigimos, choramos, cobramos. Mas um dia esta “força” vai terminando e vamos ficando desgastados, juntamente com a relação. Nos sentimos cansados, derrotados, mas ainda amamos. E é este amor que ainda nos faz persistir, mesmo quando temos a consciência de que não vai adiantar mais, nada vai voltar a ser o que era. Começamos então a brigar menos, gritar baixo, não exigir muito, muito menos cobrar. Apenas choramos ainda, em alguns casos.

Esta é a pior parte: quando deixamos de lutar e assumimos, mesmo que internamente, que desistimos. È aí que chegamos à parte da aceitação. Mesmo sabendo que as coisas estão assim, mesmo quando olhamos bem no fundo dos olhos da pessoa amada e vemos cansaço e derrota, ainda assim, persistimos, como se apenas o amor bastasse, como se apenas ele fosse conseguir mudar alguma coisa. Não aceitamos que as coisas terminem assim. Não pode ser assim…

Este tipo de situação é tão comum e ao mesmo tempo tão complicada de se resolver, que não temos uma fórmula mágica ou um passo a passo. O melhor mesmo é sentar, refletir, ponderar e decidir. E se você decidir dizer adeus, siga em frente e jamais olhe para trás.

Por Marjorie Correia

Publicado originalmente em: http://www.donagiraffa.com/2011/02/quando-uma-relacao-chega-ao-fim.html